quarta-feira, 22 de abril de 2009

Lançamento oficial comemorando o Dia da Terra

Depois de um período no ar em caráter experimental, o blog do Festival Ecológico de Pernambuco faz hoje seu lançamento "oficial", aproveitando o Dia da Terra. A partir desta semana estaremos atualizando-o semanalmente, trazendo para os leitores o melhor do verde pernambucano: reportagens, artigos e entrevistas com participantes passados e futuros do Festival, dicas ecológicas, fotos, resenhas de livros e muito mais! Veja o que está por vir:
  • Uma entrevista com Alexandre Araújo, Coordenador Executivo da ASPAN, sobre o Curso de Gestão Ambiental para gestores públicos, que ocorrerá de 06 a 09 de maio;
  • Uma reportagem sobre agricultura orgânica, incluindo dicas de como e onde comprar no estado;
  • Uma entrevista com José Cardoso, do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis, sobre o panorama atual da reciclagem em Pernambuco;
  • Fotos "antes e depois" de várias paisagens pernambucanas impactadas pela degradação ambiental;
  • Um artigo sobre a ecopedagogia de Paulo Freire;
  • Uma entrevista com um dos fundadores da economa ecológica, Clóvis Cavalcanti;
  • E textos sobre muitos outros temas interessantes, como recifes de coral e gestão costeira, pedagogia Waldorf, abelhas nativas, vegetarianismo e bioética, etc. Não perca!
Caso queira sugerir outros temas a serem abordados, experiências positivas, pessoas a serem entrevistadas, ou quaisquer outras sugestões para o blog, deixe seu comentário aqui ou escreva para nós: festivalecologico.pe@gmail.com.
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E para ficar sempre por dentro das novidades, inscreva-se no espaço à direita para receber as atualizações do blog direto no seu e-mail. As primeiras dez pessoas que se inscreverem a partir de agora receberão um ingresso para assistir ao filme Terra, que estréia hoje no Brasil, em uma promoção da Disney Nature. Se desejar participar da promoção, ao se inscrever no blog envie também uma mensagem para nós (festivalecologico.pe@gmail.com) com seu e-mail e/ou telefone para que possamos entrar em contato caso seja contemplado. ATENÇÃO: promoção válida apenas para a Região Metropolitana do Recife; aspaneanos não podem participar. Veja aqui o trailer do filme.
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Informações gerais e sinopse do filme*
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TERRA (Earth)
DISNEYNATURE
Disney.com/Nature
Gênero: Aventura da vida real
Classificação: Livre
Data de lançamento: 22 de abril de 2009
Narrador: James Earl Jones
Diretores: Alastair Fothergill e Mark Linfield
Produzido por: BBC Worldwide, Greenlight Media
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O primeiro filme da série Disneynature, Terra, narrado por JAMES EARL JONES, conta a notável história de três famílias de animais e suas incríveis jornadas pelo planeta que chamamos de lar. Terra mescla cenas únicas de ação em escala inimaginável com locações impossíveis e capta os momentos mais íntimos das criaturas mais selvagens e intrigantes do planeta. Os diretores Alastair Fothergill e Mark Linfield, a aclamada equipe criativa por trás de Planet Earth, ganhador do Emmy®, unem forças mais uma vez para levar esta épica aventura para a telona, com lançamento no Dia da Terra, em 22 de abril de 2009.
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Notas: .
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- O Disneynature, o primeiro novo selo de cinema da Walt Disney Company em 60 anos, foi lançado em abril de 2008 com o objetivo de levar aos cinemas filmes de grande impacto sobre a vida selvagem e o meio-ambiente.
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- Walt Disney foi pioneiro na realização de documentários sobre a vida selvagem, produzindo 13 aventuras da vida real entre 1949-1960, entre as quais: Seal Island (1949), Beaver Valley (1950), The Living Desert (1953) e Jungle Cat (1958). Ele infundiu aos filmes elementos de entretenimento, incorporando músicas e narrativas provocantes e ganhou diversos prêmios da Academia®.
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- Filmando de helicópteros com sistema de câmera aérea Cineflex giro-estável possibilitou que os cineastas seguissem as trilhas dos animais-personagens por longas distâncias e os colocassem no contexto de seu ambiente sem perturbá-los, já que tudo foi filmado de grande altitude.
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*Informações sobre a responsabilidade da Disney Nature.
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quarta-feira, 8 de abril de 2009

Dendrofobia e aquecimento urbano

Por: Isabelle Meunier*

Em pleno mês de abril, início das chuvas, Recife ferve a mais de 30ºC. Se esse calor já é efeito das mudanças climáticas globais, não sabemos. Mas é certo que a nossa dendrofobia tem contribuído, e muito, para vivermos em uma cidade de clima escaldante. Do grego dendron (árvore), essa doença social alastra-se rapidamente e tem efeitos colaterais devastadores. A dendrofobia pode ser observada com freqüência cada vez maior, nos mais diferentes ambientes, mesmo naqueles onde se espera que a cultura e a educação espantem certos medos ancestrais. Algumas pessoas, mais irreverentes do que esta autora, desconfiam que, na verdade, os humanos temem as árvores por lembrar a “floresta ancestral”, aquela que abrigava nossos ascendentes simiescos. Temem esquecer a postura ereta e voltar a macaquear nos convidativos galhos das árvores!
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Exemplos dendrofóbicos não faltam, infelizmente: o Colégio Marista São Luiz, detentor de uma área verde importante no outrora agradável e arborizado bairro das Graças, por motivos ignorados, vem cortando suas grandes árvores frontais, deixando um cenário de desolação onde antes havia sombra acolhedora. E não está só na iniciativa: segue o triste exemplo da Academia Pernambucana de Letras. Aliás, a reforma do jardim do belo solar da APL denuncia os rumos perigosos escolhemos para nossa cidade: uma placa anuncia que uma empresa de construção civil é a responsável pela reforma dos jardins, um engenheiro civil apresenta-se como seu responsável técnico e alguns montes de lajotas e blocos de cimento indicam qual a matéria-prima do tal “jardim”.
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Há poucos dias, um enorme caminhão saiu da APL carregando toras do que antes eram frondosas mangueiras, imponentes castanholas, belos cajueiros e perfumadas aroeiras. Afinal, um jardim que é executado por uma empresa de construção, - um jardim de pedra e cal - não precisa de árvores, aliás, não tolera árvores e apenas permite estreitas e envergonhadas faixas de gramas e de plantinhas ornamentais de canteiro e forração.
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A menos que tenha havido algum movimento revisionista na língua portuguesa, jardins e parques devem ser locais onde imperam os elementos naturais, não necessariamente “disciplinados” (disciplinar as árvores foi o argumento do presidente da APL , na imprensa, para autorizar as mutilações impostas às árvores...). Locais de solo não impermeabilizados, oportunidade de estar em contato com a natureza, mesmo que em fragmentos restritos e com elementos artificiais, os jardins e parques urbanos são elementos necessários à própria urbanização e à convivência civilizada e saudável nas cidades. Isso sem falar no embelezamento que trazem, com diferentes cores e formas de vida, na tão necessária amenização climática e na redução dos gastos com energia (já que, inexoravelmente, em uma cidade sem árvores e sem sombra, os condicionadores de ar são acionados por aqueles que podem adquiri-los e sustentá-los..).
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Mas, apesar de tantos serviços ambientais, paisagísticos e socioculturais, uma fobia coletiva e inexplicável ameaça esses espaços. Hoje, evitam-se árvores porque elas são grandes. Vivemos em prédios de 40 andares, confiando cegamente nos cálculos estruturais que foram feitos para sustentá-los, mas tememos árvores altas, pois elas “podem cair” (!). Diante de um telhado sujo ou de uma calha entupida, a solução não é mais, como antes, limpá-los – mas cortar todas as árvores que contribuíram com suas folhas para essa situação. A boa e velha vassoura foi substituída pela motosserra porque, afinal, revestimentos cerâmicos e pisos intertravados não devem ser maculados pela folhas e flores de árvores. Vivemos em uma sociedade que não encontrou uma solução segura e eficiente para os resíduos que gera, mas que não tolera folhas no chão (embora tolere a presença de crianças intoxicadas por cola nos sinais de trânsito!). Somos prisioneiros da violência urbana (humana, antes de tudo), e nos vingamos nas árvores, responsabilizando-as pelos nossos temores (árvores abrigam ladrões, na opinião de uma moradora de Boa Viagem, ao solicitar a remoção de uma castanhola da sua calçada!). Projetamos espaços nos quais a maior atração é o concreto, revestindo o solo e erguendo estranhas formas que agridem o bom gosto e a paisagem, por trás das quais poucas árvores se esgueiram, e chamamos isso de “parque”.
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Se eu fosse médica, tentaria a celebridade caracterizando essa doença que se agrava deforma fatal. Como cidadã, espero que algum um psiquiatra social se debruce sobre a dendrofobia e busque entender suas razões e, urgentemente, encontre uma cura. Pois sem isso, nossa vida em um grande centro urbano, sem árvores, sem jardins e sem parques, será algo realmente infernal.

* Isabelle Meunier é Engenheira Florestal e professora da UFRPE.